sábado, 17 de novembro de 2007

(des)neurando: AMORES NEURÓTICOS

Se a paixão deixa a gente neurótica, por que desejá-la tanto?
Eu me apaixono com uma certa facilidade. Tá, com MUITA facilidade. Tudo bem, eu consigo amar até uma beringela. Eu faço mil planos, e sofro quando acaba, e tenho certeza de que não me apaixonarei mais, e me apaixono de novo e, bem, volto à primeira casa do tabuleiro há 24 anos. Um dia conheci um cara muito legal, mas acho que o meu botão de amar estava desligado. Ou mal apertado, sei lá. O caso é que eu gostava dele, mas não via estrelinhas, sabe? Mas, como a gente se sentia bem um com o outro acabou que chegamos a namorar.
Um dia, observando-o enquanto ele via TV, pensei que eu finalmente tivesse encontrado a chave de um relacionamento perfeito. Porque eu sempre tinha sido apaixonada pelos meus ex, mas quem disse que eu era feliz? A não ser que você considere felicidade chorar pelo telefonema que não vem, sentir o coração apertado ao ver aquela menina dando bola para ele, ficar na miséria a cada brigar ou ter vontade de morrer só de pensar na possibilidade de perdê-lo. Tudo bem, nem sempre a coisa era tensa assim. Com certeza, havia períodos maravilhosos. E aí eu ficava eufórica, tinha a certeza de que seria feliz para sempre e fazia planos de casar, ter filhos e 2 cachorros.
Logo eu, que nem gosto de cachorro.
O ponto é: não era uma felicidade tranqüila. Ou eu estava nas nuvens ou na lama. Quando estava na lama, não conseguia enxergar as nuvens - em compensação, quando estava nas nuvens, morria de medo da lama.
Ali, na sala, olhando para meu namorado superlegal, me senti uma vitoriosa. Finalmente, eu tinha vencido o amor! Eu tinha mostrado a ele que consigo ter uma relação sem ciúme, sem medo, sem ansiedade e sem discussões porque nada me incomoda. Quer vida mais tranqüila e harmônica que essa? Por que o amor tem essa bola toda, mesmo? Tão mais prático um namoro sem nenhuma lágrima, nenhum tormento, nenhum aperto no peito e, bem.. nenhuma batida forte no coração.
É, nem preciso dizer que meu relacionamento superlegal não durou muito. E que me senti uma idiota quando terminei porque eu nunca, NUNCA, tinha vivido uma relação tão saudável e tranqüila. Nem monótona era. A gente fazia mil coisas. Mas o que eu podia fazer se sentia falta da felicidade eufórica e das lamas miseráveis... Eu sentia falta de estar apaixonada. De planejar os próximos 50 anos com alguém, de ter medo de me perder. Afinal, a paixão é assim né? Uma delícia, mas deixa a gente neurótica. E se depois de alguns anos virar amor, que é um sentimento sereno e aquela coisa toda? Bom, o máximo que já fiquei com alguém fora 4 anos e meio sentindo batidas fortes no coração. Porque é assim que o amor faz sentido para mim.
Meio neurótico.