segunda-feira, 9 de julho de 2007

Falando de amor na China

(...) Acabamos de comer e saímos andando, numa garoa frie e irritante. De repente, Helen parou e disse : "Você acredita em amor verdadeiro, Antonio?" Eu disse que sim. "Mas, se acredita, porque seus namoros terminaram?" Minha vontade era de dizer, olha Helen, eu também queria saber, já falei muito disso na análise, talvez eu seja um idiota, talvez toda a minha geração seja idiota e mimada e incapaz de abrir mão do que é preciso para uma vida a 2. Talvez a vida é que seja idiota, mas achei que para a situação não era exatamente para grandes especulações - caramba, tava em Xangai, falando sobre amor verdadeiro com duas chinesas desconhecidas que se chamam Helen e Shiley! - de modo que, chegando à outra calçada, falei simplesmente: "Porque o amor acaba, Helen". As duas pararam, olharam sérias para mim. Shirley tomou a frente: "Não se for verdadeiro".
Tá, talvez elas tenham razão. Eu não sei. Não sei mesmo. Eu sei que amei de verdade, depois acabou. O amor acaba, a vida acaba, só aquela chuva é que parecia não ter fim. E lá fomos nós, tomar chá, do outro lado do mundo, discutindo o amor e os outros assuntos menores, como se nada estivesse acontecendo.